de Alexandre
Kavanji e Isaias Edson Sidney
2000
SBAT – 1434
(13.12.2000)
FBN - : 220.248;
Livro 385; folha 408
Contatos com os
autores:
Alexandre Kavanji
tel. (11)99241-9358
Isaias Edson Sidney
Rua dos Buritis,
251 – Jabaquara, São Paulo/SP
Cep. 04321-001
Tel.; (11)5011-9628
BRINCANDO NA CHUVA
Comédia musical em um ato, para crianças até 12 anos.
Músicas:
Cantando num toró: versão de Maurício Pereira, para
“Cantando na chuva”.
Demais canções: letra e música de Tato Ficher.
Nota: as referências musicais foram as da montagem da
Cia. Pauliceia de Teatro.
PERSONAGENS
PRINCIPAIS
NICO E LAU: dois amigos.
OROBU DA SILVA: quer dominar o mundo e, para isso, rouba
a chuva.
OUTRAS PERSONAGENS
SULTÃO
D. QUIXOTE
ENFERMEIRO 1
ENFERMEIRO 2
ATOR
APRESENTADOR
“AUTOMÓVEL”
PROF. RIBAMAR (disfarce do Orobu)
Sons de chuva.
Atores cantam e dançam a música de abertura: CANTANDO NUM TORÓ (Singing in the
Rain), de Nacio Herb Brown/Arthur Freed/versão Mauricio Pereira.
TODOS:- Cantando num toró
Cantando num toró
Vê que momento lindo
Pra alguém se entregar
Sorrio pras nuvens
Escuras do céu
Trovões me sacodem
Me acordam pra amar
Deixa a água rolar
E a todos molhar
Gotinhas de chuva
Me fazem sonhar
Eu desço a ladeira
E é bom estar só
Cantando
Cantando
Num toró
NICO e LAU:- Nós cantamos
assim... felizes... porque amamos o toró...
NICO:- O toró faz crescer
as plantas que plantamos...
LAU:- O toró dá água para nossos
bois...
NICO:- ... nossas
galinhas...
LAU:- ... nossos burros...
TODOS:- Eu desço a ladeira
E é bom estar só
Cantando
Cantando
Num toró!
NICO com guarda-chuva.
Postado atrás dele, sobre uma escada, LAU faz chover com um regador. Num outro
canto do palco, a figura sinistra do Orobu faz planos, intercalando sua fala
com a dos dois heróis, que não o ouvem.
NICO:- Chuva, chuva,
choro do céu que desce da serra; choro de nuvem que molha a terra; chuva que
faz a planta crescer e dá água pra gente beber e dá água pra gente se lavar...
Lau, ô Lau, seu cara de pau! Já tomou banho hoje?
OROBU:- Chuva!
É isso... Todo mundo gosta de chuva, não gosta?
LAU:- Tá me estranhando, ó Nico, seu cara de
penico?...
NICO:- Esse teu cheirinho
não me engana... Lau, ô Lau, seu cara de pau...
OROBU:- Parece que tem
gente que não gosta... Mas a chuva é água... ou não é?
LAU:- Fala, ô Nico, seu cara de
penico...
NICO:- Chuva não faz
planta crescer?
LAU:- Faz, seu Nico, cara de penico... Chuva faz planta
crescer... Ficou bocó, agora?
OROBU:- Água todo mundo
precisa: bicho, homem, planta... E a água vem da chuva, não é mesmo?
NICO:- Então por que você
não cresce, com toda essa chuva que chove em cima de você?
LAU:- E eu sou planta, seu Nico,
cara de penico?
NICO:- Se você não é
planta, por que fica aí plantado feito um pé de mamão, ô Lau, cara de bobão!
OROBU:- Se eu roubar a
chuva, a água acaba... Se só eu tiver água, todo mundo vai comer, ou melhor,
vai beber aqui na minha mão... E eu, Orobu da Silva, filho de Oriovaldo e da
dona Orora, deixarei de ser “da Silva” para ser o rei do mundo... o rei do
mundo...
LAU:- Chuva e sol, casamento de
espanhol; sol e chuva, casamento de viúva;
sol com chuva, que beleza, arco-íris com certeza!
NICO:- Ih! Além de pé
mamão, é um poeta bobão esse Lau, cara de... de... mandacaru bem espinhento!...
LAU:- Nico... me diz uma coisa,
agora bem séria, quais as melhores coisas da vida?
NICO:- São tantas! Mas lá
vai uma: a amizade!
LAU:- Outra: a chuva, que molha todo
mundo igualmente: rico, pobre, feio, bonito, homem, mulher...
NICO:- Falou bonito, seu
Lau, cara de comigo-niguém-pode! Mas há também uma coisa que todo homem deve
ter...
LAU:- ... e toda mulher também...
NICO:- ... e todo jovem e
toda jovem...
LAU:- ... e toda criança, seja
menino ou menina...
NICO:- O que é? O que é?
LAU:- RESPEITO, seu Nico!
NICO:- RESPEITO, seu Lau!
NICO E LAU:- Respeito à vida e
à natureza!
Som de trovão, raios, música,
ação. Entra o personagem ORUBU da Silva que rouba a chuva. Grande alvoroço.
NICO e LAU:- Socorro!
Roubaram a chuva! Socorro!!!
NICO:- O que eu faço
agora? Levaram a minha chuva embora.
LAU:- Embora, bora, bora, bora.
NICO:- Que tristeza! O
céu não tem mais aquela beleza.
LAU:- Beleza, leza, leza, leza.
NICO:- A água não mais
abunda.
LAU:- A água, água, água, água.
NICO:- Chega! Vai ficar
repetindo tudo o que eu falo, seu papagaio?
LAU:- Papagaio, gaio, gaio, gaio.
NICO:- Chega, sua maritaca!!! Sua máquina de
repetição! Chega! Chô, baixo astral! Vamos tomar uma providência, recuperar o
que perdemos, organizar uma expedição para procurar a chuva.
LAU:- Expedição? Mas para fazer uma
expedição é preciso muita gente e também um plano.
NICO:- Tem razão. É
preciso muita gente. MAS NÓS JÁ TEMOS MUITA GENTE: EU E VOCÊ. NÓS SOMOS UMA
MULTIDÃO!
LAU:- Tá bom, tá bom! E O PLANO! NÓS
TEMOS UM PLANO?
NICO:- SIM! NÓS JÁ TEMOS
UM PLANO!
LAU:- QUAL?
NICO:- DROGA! POR QUE A
GENTE ESTÁ GRITANDO?
LAU:- SEI LÁ! SE GRITAM COMIGO, EU
GRITO DE VOLTA!
NICO:- Está bem... (bem
baixinho) O plano é o seguinte: vamos virar o mundo de ponta-cabeça até
encontrar o nosso objetivo: a chuva.
LAU:- Não ouvi nada, vocês ouviram?
Nico repete a fala, agora
em tom normal.
LAU:- Você ficou maluco! Como nós vamos
virar o mundo de ponta-cabeça? Eu acho que você é que está de ponta-cabeça!
NICO:- Chega de falação.
Precisamos de ação. Vamos preparar nossa bagagem, mapas, planos, sonhos.
LAU:- Vou arrumar minha lancheira.
Música:PREPARANDO A
EXPEDIÇÃO.
NICO:- Bússola, barco,
bandeira, barbante...
LAU:- Botina, baralho, biscoito,
refrigerante...
NICO:- Medidor de
altitude...
LAU:- E bolinha de gude...
NICO:- Anzol pra
pescaria...
LAU:- Um bolo da minha
tia...
NICO:- E juntos vamos
encontrar a chuva...
LAU:- Pra depois comer um cacho de
uva...
NICO:- E juntos vamos
encontrar a chuva...
LAU:- E então comer o bolo da
viúva...
NICO:- E juntos vamos
encontrar a chuva...
LAU:- E vamos passear em
Catanduva...
NICO:- Chega!!!
LAU:- Ó seu Nico, cara de não sei
quê, afinal pra que tudo isso? Essa expedição maluca?
NICO:- Pra achar a chuva,
ó xente!
LAU:- Achar a chuva pra quê? Afinal,
se roubaram a chuva, alguém – que não seja eu – pode muito bem ir atrás e
encontrar!
NICO:- Não seja
comodista, homem!
LAU:- Comodista? Que raio é isso?
NICO:- É gente que senta
em cima do próprio rabo e não faz nada... Vamos... vamos logo com isso, que não
tem mais ninguém, eu repito, ninguém, neste mundo, que tenha mais respeito e
mais amizade à natureza do que nós...
LAU:- E só por isso nós temos que
sair por esse mundão afora, para achar uma coisa que a gente não sabe se vai
achar?
NICO:- Você não disse
que...
LAU:- Disse, disse, sim: respeito...
Tá bom, vamos lá!
Enquanto Nico e Lau
caminham à procura da chuva, Orobu da Silva esconde o regador da chuva,
disfarça-se, tira da bolsa uma pedra.
OROBU:- Essa pedra...
sabem, dizem que é mágica: é a pedra do sonho. Quando você sonha com alguma
coisa, ela, a pedra, realiza pra você... Eu, Orobu da Silva, digo, Orobu o Rei,
tenho um sonho: ser o homem mais poderoso do mundo... já sou dono da chuva... é o começo da realização
desse sonho...Não preciso mais dessa pedra. Vou jogá-la... (percebe a
aproximação de Nico e Lau). Não, não vou jogá-la fora, ela ainda me pode
ser útil!
LAU:- Ai, como estou cansado, com
fome, com sono...
NICO:- Você é um molenga!
LAU:- Faz dias que a gente só vê
terra seca e areia... sem uma gota d’água...
NICO:- A gente já está
quase chegando...
LAU:- Chegando aonde?
NICO:- Aonde nós estamos indo,
ora...
LAU:- E aonde nós estamos indo?...
NICO:- Agora é que notei:
a gente só anda em círculo!
LAU:- Círculo? Dando voltinha sem ir
a lugar nenhum?
NICO:- O que você fez da
bússola?
LAU:- Bússola?! Que bússola?
NICO:- Um relojinho
assim... ó... que aponta o norte...
LAU:- Ih! Joguei fora!
NICO:- Jogou fora?
LAU:- Tava quebrada, uai... tinha um
ponteiro só...
NICO:- Idiota! Aquele
ponteiro é que dá a direção...
Nico corre atrás de Lau
até que topam com Orobu.
NICO E LAU:- Epa! Que bicho
esquisito, sô!
NICO:- Que você está
fazendo aí?
LAU:- Quem é você?
NICO:- Que guarda-sol
ridículo é esse?
LAU:- Será uma “estauta”?
NICO:- Estátua!
LAU:- “Estauta”!
NICO:- Estátua, seu cara
de pau!
OROBU:- Chega! Eu sou o
mágico que vê tudo com olhos cor-de-rosa! Eu me chamo Sá Fado, sou filho de uma
fada chamada Sá Fada!...
NICO e LAU:- Tudo
cor-de-rosa?
OROBU:- Claro! Ouçam:
O Orobu canta o SAMBA DE BREQUE DO ORUBU MALANDRO.
OROBU:- Que vida linda
Com este sol maravilhoso
A boa-vida
Festejando estou aqui
Nada como um dia atrás do outro
E outro dia atrás do um
E um outro ainda depois
Vejo a vida toda cor-de-rosa
Eu tenho tudo o que pedi para ser feliz
Quem quiser saber o meu segredo
Eu posso contar sem medo
É por isso que estou aqui.
OROBU:- Pelo que vejo,
essas figuras estranhas procuram alguma coisa, não é? Ah, mas é lógico que
procuram! Então vieram ao lugar certo. Em que posso ajudá-los?
NICO:- Bom, sabe...
OROBU:- É lógico que sei.
NICO:- O que você sabe?
OROBU:- Eu sei o que você
quer saber.
NICO:- E o que eu quero
saber?!
OROBU:- Você quer saber o
que você não sabe.
NICO:- Chega de
enrolação...
LAU:- Nós estamos procurando quem
roubou a chuva.
OROBU:- Eu sabia...
NICO e LAU:- Sabia? Mas como
você sabia?...
OROBU:- Eu sempre sei de
tudo.
NICO:- Então você vai nos
ajudar a encontrar a chuva?
OROBU:- Bom, geralmente
esses casos são muito difíceis.
NICO:- Mas o senhor não
vê tudo cor-de-rosa?
OROBU:- Claro, claro, mas
esse caso vai requerer um esforço sobrenatural. Eu não sei se vocês compreendem
onde eu quero chegar.
NICO e LAU:- NÃO! NÓS SÓ
QUEREMOS A CHUVA DE VOLTA!
OROBU:- (Para o público)
Esses dois bocós acham que eu vou entregar a chuva, assim... Vou é dar um golpe
neles... (Para Nico e Lau) Bom, o que eu quero dizer é que isso exige
uma troca, uma negociação...
NICO e LAU :- Troca? Negociação?
OROBU:- Isso mesmo:
pagamento! Grana, tutu, arame, bufunfa... Entenderam?
NICO:- Mas nós não temos
nada para dar como pagamento.
OROBU:- O que vocês têm de
mais valor dentro dessa maleta?
NICO:- Nada, não...
LAU:- Só o rádio de pilha...
NICO:- Idiota... se gente
ficar sem o rádio, como vamos ouvir música, notícia?...
OROBU:- Deixa eu ver. (Pega
o rádio, liga, ouve-se música.) Muito interessante. Negócio fechado.
LAU:- Não, pelo amor de Deus, meu
radinho não...
NICO:- O senhor não
aceitaria esse barquinho de papel?
OROBU:- Não! É o rádio ou
não tem negócio!
Nico e Lau confabulam.
NICO e LAU: - Negócio fechado!
OROBU:- Passe esse rádio
pra cá! Grande negócio! Grande negócio, estranhos cavalheiros. Em troca vou
dispor do que há de mais caro em minha vida: a pedra mágica!
NICO e LAU:- Pedra mágica?!
OROBU:- Sim, a pedra
mágica que me foi dada pelo Xeique Ali Bem Ali, capaz de realizar os nossos
mais incríveis sonhos. Estranhos cavalheiros, essa pedra agora a vós pertence.
NICO e LAU:- Muito obrigado,
senhor, muito obrigado!
Nico e Lau pegam a pedra e
saem. ORUBU comemora cantando e dançando a MUSICA DO ORUBU: A VIDA É BOA, A
VIDA É BELA
OROBU:- A vida é boa, a
vida é bela
Mais dois patos na minha panela
A vida é boa, a vida é bela
Mais dois patos na minha panela
Ocê pensa que é fácil
Viver na banguela
Nenhuma banana
Na minha gamela?
A vida é boa, a vida é bela
Mais dois patos na minha panela
A vida é boa, a vida é bela
Mais dois patos na minha panela
Na hora da janta
Me coça a goela
Sonhando com o rango
E vazia a tigela
A vida é boa, a vida é bela
Mais dois patos na minha panela
A vida é boa, a vida é bela
Mais dois patos na minha panela
Termina a música, pega o
rádio com cuidado.
OROBU:- O rádio: com ele
posso saber de tudo o que acontece, notícias, comentários, músicas e assim
ficar ainda mais poderoso.
Nico e Lau continuam
caminhando, cansados e com muita sede.
NICO:- Há três dias estou
conversando com essa pedra e não acontece nada: nem música, nem notícia... que
droga!
LAU:- Eu te disse. Eu te disse que
isso não ia dar certo. Eu quero o meu radinho de volta. Eu quero o meu radinho
de volta.
NICO:- Quieto. Senão eu
atiro essa pedra na sua cabeça.
LAU:- Aquele Orobu malandro...
prometeu nos ajudar a encontrar a chuva... e até agora só seca... Eu vou morrer
de sede...
NICO:- Pior que a sede...
pior do que a sede... é você reclamando o tempo inteiro... Lau cara de... de...
jiló azedo!
LAU:- Eu quero o meu radinho. Eu
quero o meu radinho. E quero água também...
Encontram o Sultão, que
carrega uma bandeja com um copo de água. Nico e Lau ficam extasiados com a
visão.
SULTÃO:- Eu sou o sultão Ali Baba Aqui. E esse é o meu
mais caro tesouro: o último copo d’água do meu oásis! Com ele eu pretendo fazer
a dança da chuva, para voltar a chover...
NICO:- Dança da chuva? O
senhor é sultão ou é índio?
SULTÃO:- Quem são os senhores? Guardas! Prendam esses miseráveis!
LAU:- Cal... cal... cal…ma, seu sultão... não queremos insultá-lo!
Nico e Lau confabulam para
tentar tomar o copo d’água do sultão.
NICO:- Olha aqui, seu
sultão... o senhor nos dá um pouco dessa água e nós lhe damos a pedra do sonho!
SULTÃO:- Pedra do sonho?
Que besteira é essa? Deixe-me ver isso...
Enquanto o Sultão se
descuida com a pedra, Lau pega a bandeja e toma o copo d’água. Escândalo geral.
O Sultão fica furioso e saca de seu sabre.
SULTÃO:- Zabra! Zumbra! Zimbra! Zombro! Não sobrará
cabeça sobre ombro!
NICO:- Sebo nas canelas.
Saem de cena correndo, sem
esquecer de levar a pedra. Entram novamente, correndo.
LAU:- Ai, minha cabeça! Cadê minha
cabeça? SOCORRO!!!
NICO:- Com cabeça ou sem
cabeça, eu quero um pouco da água do sultão!
LAU:- Ai, minha cabeça! Cadê minha
cabeça?
NICO:- Cadê a água, seu
Lau, cara de... de... espaguete!
LAU:- Bebi...
NICO:- Bebeu? Tudo?
Desgraçado... há sete dias estamos correndo daquele sultão maluco e você não
guardou nem uma gota de água para mim!
Lau sai correndo e Nico
vai atrás dele para pegá-lo. Enquanto isso, Orobu coloca os adereços e
figurinos para a cena seguinte e fala com a platéia.
OROBU:- O que eu estava
falando, mesmo? Ah! Lembrei! Esses dois aí estão tentando encontrar a chuva que
eu roubei... Mas eles podem tirar o cavalo da chuva! Cavalo da chuva! Ih! Ih! Ih! Nem tirar o cavalo da chuva eles podem mais... a chuva é minha e eu não
vou entregá-la enquanto não me derem aquilo que eu mais sonhei na minha vida: o
... o ... estranho, não consigo me lembrar... acho que era... Bem, depois eu
lembro... O que importa é que eu vou controlar a chuva... Só vai ter água quem
me der muito dinheiro... arame... bufunfa... aqui, ó, na minha mão! Enquanto
isso... Aí vem eles! Vou-me mandar e deixo vocês com o meu amigo aqui, Dom Quixote
de La Mancha!
Orobu dá uma volta sobre
si mesmo, uma pirueta e está travestido de D. Quixote. Entram Nico e Lau.
Param, espantados, enquanto D. Quixote tenta lutar com moinhos de vento.
D.QUIXOTE:- Vamos, seus
covardes, lutem! Não fiquem aí parados! Lutem!
NICO:- Se mal lhe
pergunte, o senhor está lutando contra quem?
D.QUIXOTE:- Eu estou lutando
contra moinhos de vento... Mas eles não se movem!
LAU:- Ué, gente... eu sempre soube
que D. Quixote pensava estar lutando com gigantes...
D.QUIXOTE:- Os moinhos de
vento são gigantes que precisam ser derrotados, mas sem vento, eles são apenas
moinhos de vento...
NICO:- Cada vez entendo
menos...
D.QUIXOTE:- É assim: depois
que roubaram a chuva, o clima mudou, não há mais ventos... e os moinhos de vento
deixaram de ser gigantes... Eu quero um gigante para lutar! E os senhores, quem
são?
NICO:- Nico!
LAU:- Lau!
D.QUIXOTE:- Nicolau?
NICO E LAU:- Não...
NICO:- Nico...
LAU:- Lau...
D.QUIXOTE:- Então, Nicolau...
NICO E LAU:- Deixa pra lá...
D.QUIXOTE:- Nicolau Deixa pra
lá... um nome interessante para... dois cavaleiros...
Nico e Lau ficam
desanimados.
D.QUIXOTE:- Ah! Já sei...
Vocês são os dois bandidos que destrataram a minha Dulcinéia... Merecem
castigo! Preparem-se para a luta, facínoras!
NICO:- Espere aí:
Dulcinéia? Quem é Dulcinéia?
D.QUIXOTE:- A mais bela, a
mais pura, a mais digna de todas as donzelas... Dulcinéia del Toboso... a minha
Dulcinéia! Em guarda!
LAU:- Não! Espere aí: nós só estamos
procurando a chuva... não des... des... como é mesmo? Isso, não destratamos
nenhuma donzela... aliás, nem vimos donzela nenhuma, não é, Nico?
NICO:- No dia em que me
disserem o que é uma donzela, eu até posso tentar ver uma...
D.QUIXOTE:- Ninguém engana o
cavaleiro mais audaz desse reino... Eu, D. Quixote de la Mancha, que já
derrotou moinhos de vento... não, moinhos, não... que já derrotou gigantes e
dragões...
NICO E LAU:- Dragões?!
D.QUIXOTE:- ... eu vos
desafio: em guarda, seus mandriões!
NICO E LAU:- Mandriões?!
D. Quixote investe contra
os dois, que saem correndo, gritando. Despistam D.Quixote e voltam à cena,
esbaforidos.
NICO:- Com fome...
LAU:- Com sede...
NICO:- Cansados...
LAU:- Ferrados... ou quase
ferrados...
NICO:- Estropiados...
NICO E LAU:- ... mas não
desanimados... vamos achar a chuva...
NICO:- ... se não o mundo
vai secar... vai virar tudo deserto...
LAU:- É dura essa vida de herói...
Quem será que roubou a chuva?
NICO:- Se eu pego esse
desgraçado... eu... eu... eu...
NICO:- E pensar que a
chuva pode estar logo ali... Pingo de chuva em minhas mãos. Fecho os olhos e
vejo meus pés no chão, o barro em volta dele, a água caindo sobre minha cabeça,
escorrendo pela testa, fazendo uma cascata pelo nariz, indo dar nos lábios. Aí
sinto o gosto de chuva. Escorre pelo meu corpo até os pés, até o chão, formando
uma poça d'água. E como num espelho vejo meu rosto. O rosto de um homem que
sonha com moinhos e gigantes. E a chuva...
LAU:- Tá bom. Então eu vou dormir
pra ver se eu sonho com um belo prato de comida.
NICO:- Cuidado para não
ter uma congestão. Boa noite! Durma bem, sonhe com os anjos e acorde feliz e
com saúde!
Os dois preparam-se para dormir. Cobrem-se com um pano,
ficando de fora OS PÉS FALANTES.
Cena 6.
OS PÉS FALANTES: cena de
pantomima executada apenas com as solas dos pés como bonecos. Utilizam-se os
pés de todos os atores, reunindo um grupo de vários bonecos em cena, fazendo
uma coreografia ao som da música CANTANDO NUM TORÓ. Ainda dormindo, sonham com
a pedra dos sonhos e ouvem-na, em off.
PEDRA
DO SONHO:- Eu sou a
pedra dos sonhos e só me comunico com quem tem sonhos musicais... Você, Nico, e
você, Lau, são muito corajosos e respeitadores da vida e da natureza... Por
isso eu vou ajudá-los: vocês vão encontrar o ladrão da chuva, mas para isso
terão que viver várias aventuras. Quando o encontrarem, vocês saberão que é ele
porque ele vai contar uma história complicada e vocês vão perceber que eu
fiquei vermelha. Não se esqueçam: olhem para mim. Se eu estiver vermelha é
porque... ter-mi-nou o meu tem-po... Bo-a sor-te...
Nico e Lau acordam
espantados.
NICO:- Que sonho estranho...
LAU:- Pedra que fala... que coisa!
Percebem que se encontram
num local poluído, cheio de fumaça, buzinas, ronco de motores, automóveis
cruzando por eles.
LAU (desviando dos carros):-
Socorro! Ai, minha mãezinha, onde é que eu estou? Me tira daqui, pelo amor de
Deus... Essa sua mania de sonhar, de ficar sonhando com pedra falante, olha no
que deu. Ai, que fedentina.
NICO:- Isso não é um
sonho, é um pesadelo. (Pergunta para um dos carros.) O senhor pode
informar onde nós estamos?
Carro:- O senhor poderia falar mais alto, pois não estou ouvindo...
NICO (berrando):- O senhor
poderia informar onde nós estamos?...
Carro:- Não precisa gritar. Tá pensando que eu sou surdo? Nós estamos na
cidade, na metrópole. O progresso! Esta maravilha! Não está vendo?
NICO:- Maravilha?!! O que
há de maravilha nisso?
CARRO:- Ih! Moço: agora
está uma beleza... Desde que roubaram a chuva, acabaram as enchentes... eu não
corro mais perigo de ficar boiando no meio da rua... não estraga meu motor...
não estraga meu estofamento...
LAU:- Que absurdo,
Nico... Eles não gostam de chuva...
NICO:- Que fumaça! Que
mau-cheiro! Isso pra mim é um pesadelo!
LAU:- Cadê a pedra do sonho?
NICO:- Não adianta... nem
a pedra do sonho resolve. Vamos cair fora, antes que a gente pegue uma porção
de doença... Temos que continuar a buscar a chuva, se não até a cidade grande,
com toda essa poluição, vai acabar morrendo...
Nico e Lau saem correndo
cantando a música Cantando no Toró. Cruzam com o Bloco do Siriri do Mato
Grosso e cantam junto:
Seu Batacão saiu pra passeá
Foi comprá confete para o carnavá
O viva o nosso broqueo o broqueo da beleza
carça de franela camisa de seda japonesa
A pomba, meu coração
Voou e foi embora
Depois do carnavá
O povo desta terra também chora
Chorá por quê?
Num chora não!
A saudade da estrela
Vai morá no coração.
Sai o bloco. NICO e LAU
continuam cantando.
NICO:- Roda moinho, roda
peão, bola de gude estalando no chão. Saudade de casa!
LAU (que não consegue parar de
cantar):- Vou sentir saudade dessa nossa viagem...
Lau pega um punhado de
terra e areia para guardar em sua lancheira.
NICO:- Guardando terra e
areia na lancheira pra quê?
LAU:- Pra quando estiver em casa recordar
essa nossa andança. Quando bater a saudade, sabiá cantando ao longe, fechar os
olhos, apanhar esse punhado de terra e areia que daí vem a lembrança.
NICO:- Mas tu tá é doido,
doido varrido... Ter saudade de seca? Ter saudade de areia sem água de rio ou
de mar? A gente tem que ter saudade é da chuva, dos tempos de água da boa!
Olha: minha língua tá tão seca, mas tão seca, que parece lixa...
LAU:- A minha tá mais... Olha: a
minha língua tá tão seca, tão seca, mas tão seca... que não cresce nem mandacaru.
NICO:- E desde quando
mandacaru cresce na língua? Já tá variando de tanta sede...
LAU:- Acho que estamos sendo
seguidos.
NICO:- Seguidos, nada.
Essa sua cabeça é que é cheia de caraminholas.
Entra Caipora seguido de
dois enfermeiros malucos que, após muita confusão, conseguem apanhá-lo.
Enfermeiro 1:- Desculpem a confusão. É que o Caipora é assim, assim... meio maluco. Eu
estava jogando sinuca quando ele se escafedeu.
Enfermeiro 2:- Escafedeu? Isso não é problema meu! Toma que o filho é teu!
Enfermeiro 1:- Pssssst! Não olha agora! Tem dois malucos olhando pra gente.
Enfermeiro 2:- Pra gente, não! Pra você!
Um ator sai da coxia.
Ator:- O que vocês estão fazendo aqui?
Enfermeiro 1:- Eu sou o Maluco número 1. E ele é o Maluco número 2.
Enfermeiro 2:- Não! Está errado! Eu é que sou o Maluco número 1 e ele o número 2!
Ator:- Mas vocês entraram na peça errada. O teatro de vocês é ali ao lado.
Enfermeiro 1:- Mas a gente pode explicar...
ENFERMEIRO 2:- ... doido também
sabe explicar...
ENFERMEIRO 1:- ... é que
estávamos fazendo uma peça no outro teatro...
ENFERMEIRO 2:- ... com o Caipora
aqui...
ENFERMEIRO 1:- ... que é o
protetor das florestas...
ENFERMEIRO 2:- ... só que as
florestas estavam todas pegando fogo...
ENFERMEIRO 1:- ... porque
roubaram a chuva...
ENFERMEIRO 2:- ... que até o
Caipora fugiu...
ENFERMEIRO 1:- ... nós fugimos
atrás dele...
ATOR:- Mas que historinha
mais mal contada! Chô! Fora daqui... Fora!
Som de sirene: eles saem de cena correndo. Nico e Lau se
entreolham, fazem gestos de “tudo doido” e continuam caminhando.
NICO:- Que lindo dia!
LAU:- Que lindo sol!
NICO:- Que saudade!
LAU:- Que saudade!
NICO:- ... da comida de
minha mãe...
LAU:- ... do cafuné de meu pai...
NICO:- ... das broncas de
minha irmã...
LAU:- ... quando eu puxava a trança
dela...
NICO:- ... quando eu
puxava a orelha dela...
LAU:- ... e agora nós aqui...
NICO:- ... e agora nós
aqui...
LAU:- ... neste deserto...
NICO:- ... sem água...
LAU:- ... sem carinho...
NICO:- ... sem um ombro
amigo...
Os dois se abraçam,
comovidos, quase chorando, fazendo carinho um no outro.
LAU:- Puxa, amigo, nunca
pensei...
NICO:- Nunca pensou o
quê, amigo?
LAU:- Nunca pensei...
NICO:- Nunca pensou o
quê, amigo?
LAU:- Nunca pensei que você tivesse
o cheiro de minha namorada...
NICO:- Você também, é tão
fofinho quanto a minha namorada...
Os dois caem em si e dão
boas risadas. Nico abre a mochila e tira uma planta murcha.
NICO:-
Ih! Olha o que
aconteceu com a planta que eu cultivava com tanto carinho para dar pra minha
namorada... Murchou... morreu...
Lau tira da mochila uma
gaiolinha com um passarinho morto.
LAU:- E o passarinho tão bonitinho... que
cantava tão feliz... presente de minha namorada para mim... Morreu!
NICO
E LAU:- Sem chuva...
tudo vai morrer!
NICO:- Plantas...
LAU:- Pássaros...
NICO:- Flores...
LAU:- Bichos...
Os dois choram, de novo
abraçados.
NICO:- Espere... Será que vai chover?
LAU:- Chover? Chuva? Cadê? Onde?
NICO:- Foi só um
pensamento. Nem sinal da chuva, uma gotinha sequer.
LAU:- Nenhuma gota!
NICO:- Nem sinal de quem
nos roubou a chuva.
LAU:- Onde estarão os gatunos?
Música: Onde Estarão os Gatunos?
Onde estarão os gatunos?
Onde os gatunos estão?
Estão no Oriente a serviço de um Sultão?
Fugiram de trem pro Japão?
Ou por aqui plantando feijão?
Onde estarão os gatunos?
Onde os gatunos estão?
Ao final da música,
aparece Orobu se disfarçando para mais um golpe.
OROBU:- Já tenho a
chuva... já tenho o rádio... E eu tinha um sonho... mas não consigo mais me
lembrar... Eu preciso me lembrar do meu sonho... Que droga! O que eu devo fazer
com essas coisas? Eu tenho poder... com a chuva, com o rádio... Mas não consigo
mais sonhar... Para a gente conseguir alguma coisa, tem que sonhar... Mas como,
se eu não consigo mais... A pedra... a pedra do sonho! É isso! Era a pedra do
sonho que me fazia sonhar... sonhos loucos, eu acho... mas eram sonhos... Eu
preciso recuperar a pedra... Para isso, eu preciso daqueles dois bocós que
estão procurando a chuva... Se eu os convencer a me devolver a pedra do sonho,
eu posso voltar a ser... sei lá o quê... mas deve ser muito legal aquilo que eu
sonhava.... Vou-me disfarçar de
professor Ribamar, o vendedor do elixir mágico, para ver se consigo deles me
aproximar... Tchan... tchan.. tchan...
APRESENTADOR:- Senhoras e senhores
aqui presentes,
Temos o prazer de apresentar
O professor, artista e vidente
Que a todos vai alegrar!
Se a tristeza estiver presente,
Um causo ele pode contar!
E agora com vocês
O Grande Professor Ribamar!!!
Prof. Ribamar:- Boa noite, senhoras e senhores,
Eu
sou o Professor Ribamar
E a
sua vida sou capaz de consertar.
Um
caso de amor mal resolvido,
Um
gato desaparecido,
Basta
tomar este elixir,
O
elixir da sorte!
Mas
se o seu caso é mais grave,
Assim
como um sol desaparecido,
Uma
lua escondida,
Eu
também posso resolver.
Os
dois cavalheiros posso ajudar?
Basta
o seu problema me contar.
NICO:- Roubaram a nossa
chuva!
Prof. Ribamar:- Um caso difícil, sem dúvida. Mas eu posso solucionar. Mas para isso um
causo eu tenho que contar:
Nas
minhas andanças pelo mundo,
Num
pais muito estranho eu fui parar,
Eles
eram diferentes em tudo,
No
jeito de vestir e de andar,
Quando
aqui era dia, era noite por lá.
Se
aqui se dava boa-noite,
Dava-se
bom-dia lá.
Aqui
banho de sol, banho de lua lá.
Acho
que vocês já sabem de que país eu vou falar:
A
China!
E como tinha Chinês!
Nunca vi tantos em toda a minha vida. Mas eu conheci um muito especial, o
Professor Ling Ching Ling, um sábio chinês, que em certa ocasião narrava um
conto muito interessante... Eu, Professor Ribamar, cientista estudioso e
curioso, me aproximei e perguntei: Wang chang dung lung ding? Ele respondeu: ding
lung dung chang wang... E disse mais: tung lang wang, leng ling tuang weng... E tudo isso quer dizer – eu traduzo: o pássaro que
leva a chuva no bico está ferido... é preciso que alguém devolva ao seu
verdadeiro dono a pedra do sonho e recolha muito dindim, dinheiro, bufunfa,
arame, grana para que ele volte a fazer chover...
Nico cutuca Lau e mostra a pedra. Ela está vermelha.
NICO:- Olha, Lau... a
pedra... ela está vermelha...
LAU:- Deve ser de vergonha...
depois de ouvir tanta besteira...
NICO:- Você não se lembra do
sonho?
LAU:- Sonho? Que sonho? Ah!
Já sei: o sonho do pesadelo do...
NICO:- Não, seu besta, o
sonho com a pedra falante...
LAU:- É mesmo... a pedra
falante... ela ficou vermelha...
NICO:- Então...
LAU:- Então...
Os dois pulam em cima do prof. Ribamar e tiram-lhe o disfarce.
NICO E LAU:- Orobu!
NICO:- Então é você o
ladrão...
Lau descobre o regador com a chuva.
LAU:- Olha aqui a chuva...
NICO:- Seu safado... você não
tem respeito... O que você ia fazer com a chuva, hem? Me diga: o quê?
OROBU:- Não... não... sei...
eu esqueci... Acho que ia pedir dinheiro...
LAU:- Esqueceu? Ele
esqueceu... depois de quase acabar com o mundo... deixar bichos, pessoas,
plantas sem água... ele esqueceu!
OROBU:- É... eu esqueci...
meu sonho... Meu sonho estava na pedra do sonho... sem sonho... eu esqueci...
NICO:- Fica aí gaguejando...
sem dizer coisa com coisa... O que tem a pedra do sonho com suas patifarias,
seu Orobu malandro?
OROBU:- Você me devolve a
pedra do sonho? Devolve?
LAU:- Devolve... devolve
nada... Esse safado não merece... Esse sonho de querer mandar em todo mundo é
muito ruim...
OROBU:- Eu... eu...
prometo... só ter sonhos bons...
NICO:- Você promete?
LAU:- Não entra na conversa
dele, Nico... Esse Orobu não tem respeito pela natureza nem pelas pessoas...
NICO:- Você está sendo muito
radical, seu Lau, cara de mingau...
LAU:- Depois de tudo o que
nós passamos, você vem me chamar de radical, seu Nico, cara de... de... de...
não sei o quê... Eu estou é muito... muito... muito...
Nico dá um tapa nas costas de Lau, para ele desengasgar.
LAU:-... muito... pu... pu...
pu... bravo!
NICO:- Ah... ah!... Estava tentando fugir?!
OROBU:- Perdão, eu peço
perdão... Mas me devolve a pedra do sonho... e a chuva também!
LAU:- Eu não disse?... Ele
está querendo enganar a gente... Vamos
colocá-lo na cadeia...
OROBU:- Não! Cadeia, não! Eu
prometo... eu prometo o que vocês quiserem...
NICO:- Promete, mesmo? Você
está sendo sincero?
LAU:- Que é isso, Nico,
querendo dar colher de chá para esse facínora?...
NICO:- Lau, vem cá...
Os dois confabulam por alguns instantes, enquanto o Orobu fica tentando
ouvir.
LAU:- É... é razoável... tudo
bem...
NICO:- Fica combinado que o
senhor Orobu, aqui presente, não terá mais sonhos de domínio, de conquista, de
desrespeito às pessoas e à natureza...
Quanto à chuva... a chuva é um
bem de todos e ninguém poderá ser seu dono e todos nós teremos por obrigação cuidar dos rios, das fontes, da
água, para que a humanidade não passe o que eu e o meu amigo Lau passamos:
sede... fome... sufoco...
LAU:- E por via das dúvidas,
o Orobu vai passar um tempinho na cadeia... para criar vergonha na cara!!!
NICO E LAU:- Todos concordam?
Nico e Lau pegam a chuva, molham o Orobu, prendem-no e saem num corso,
ao som da música CANTANDO NUM TORÓ.
FIM
quarta-feira,
25 de outubro de 2000
quinta-feira,
22 de março de 2001
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